Nick Hornby é conhecido principalmente por Alta Fidelidade, um livro sobre um dono de loja de discos lamentando o pé-na-bunda que recebeu da namorada, adaptado para os cinemas com John Cusak estrelando o filme. É dele também O Grande Garoto, que teve o mesmo destino, mas esse com Hugh Grant de protagonista. Hornby ainda tem muitos outros livros que foram sucesso de vendas, e tem um estilo que agrada sempre a seus leitores, principalmente os aficionados por música. O autor tem claramente uma forte ligação com ela, e em seu novo livro isso não é diferente. Juliet, Nua e Crua é o meu primeiro Hornby.
Publicado pela editora Rocco, Juliet não é uma mulher, mas um CD. Tucker Crowe, um músico genial que abandonou sua carreira no meio de uma turnê e vive recluso há mais de 20 anos, é o gênio por trás de Juliet. Esse CD é o preferido de seus fãs, e são eles que, de início, movem essa história. Duncan, professor universitário, é um dos maiores fãs do cantor, e mantém na internet um site dedicado somente a ele, com analises sobre sua vida e obra. Ele da mais tempo às especulações sobre Tucker que à sua namorada, Annie, diretora do museu da pequena Goolness, na Inglaterra. O lançamento de um disco inédito contendo as versões “nuas e cruas” de Juliet é lançado, causando alvoroço nos fãs de Tucker e no relacionamento de Annie e Duncan.
Sem gostar do disco, ela escreve uma resenha para o site sobre Tucker falando da superioridade de Juliet à Nua e Crua (título desse novo CD). Sua análise desagrada o namorado, cego demais para perceber os aspectos apontados por ela no texto, e um envolvimento extraconjugal dele com uma colega de trabalho da um empurrão ao fim do namoro de 15 anos. Mas Annie não sai perdendo nessa história: ela já estava cansada de Duncan e seu comportamento há muito tempo, e ponderava constantemente se não havia desperdiçado sua vida ao lado dele. Para completar, Tucker Crowe entra definitivamente em cena, mais precisamente na vida de Annie.
Por e-mail, ela passa a se corresponder com Tucker, que vive nos EUA. Escondendo de Duncan o fato de conhecer seu maior ídolo, ela vai formando um vínculo maior do que a amizade com o músico. Enquanto Duncan é infantil, arrogante e orgulhoso, Tucker se mostra bem mais humilde em relação ao seu trabalho no passado, embora pareça um pouco rabugento. Hornby deixa bem claro as características de cada personagem, e monta todo um emaranhado de informações falsas e verdadeiras sobre Tucker de forma bem convincente. É como se houvessem dois músicos, um idealizado pelos seus fãs e outro o verdadeiro, e no meio dessa história está o leitor e Annie, tendo que lidar com essas duas abordagens.
Como não li os outros livros do autor, não sei falar sobre a sua “fórmula” de narrar. A música certamente é muito forte em Juliet, Nua e Crua, mas baseado no pouco que sei de seus outros livros, o foco aqui está muito mais em Annie, de saco cheio de Duncan, do que em um homem que não sabe o que fazer da vida e não tem sorte no amor. Na história, esse homem pode parecer ser Duncan, mas na verdade é Crowe. Só que mesmo assim, é Annie quem da todo o brilho ao livro.
Por fim, Juliet, Nua e Crua é uma obra que trata das inseguranças daqueles que já viveram praticamente metade do que tinham para viver. Tucker, e principalmente Annie, tem o receio de que a melhor parte de seus anos foi jogada fora, desperdiçada e impossível de ser recuperada. Poderíamos dizer que eles sofrem da crise dos 40 (no caso de Tucker, dos 50), pois não se sentem capacitados de mudar o curso monótono da vida que vinham levando, seja por já estarem acostumados a esse modo de viver, ou por medo de as mudanças darem errado.
Juliet, Nua e Crua não decepcionou como primeiro livro lido de Nick Hornby. Tenho a impressão de que gostarei muito mais dos outros que pretendo ainda ler, mas esse já satisfez a minha curiosidade sobre o autor. É uma trama bem montada, com elementos que atraem e prendem a atenção, e que levam a pensar os atos de cada personagem por menores que sejam, fazendo o leitor se inserir na história e entender os anseios de suas personagens.
Monet says:
Eu já li “Alta Fidelidade”,”Uma longa queda” e “Febre de Bola”,mas o que marca mesmo é a sua linguagem simples e de inserir um mundo novo na sua contextualização.
O livro “Febre de Bola”, parece uma autobiografia em paralelo com os jogos do Arsenal,mas no fundo é uma autobiografia não “explícita” -por ora sim e por ora não-,teve duas adaptações com o mesmo nome em inglês -Fever Pitch-,uma com o Colin Firth como o protagonista esse lançado em 1997,o ponto alto é a música do Smiths,e a outra a mais recente,por assim dizer, estrelado por ;Jimmy Fallon e Drew Barrymore,esse saiu aqui no Brasil como “Amor em Jogo”,só que o foco é no baseball e não no futebol,foi dirigido pelos irmão Farelly,tem uma pontinha do Stephen King nesse filme.Bem os dois só tem uma coisa em comum pelo o livro o fascínio pelo o esporte,no livro não tem essa coisa de se concentrar numa paixão entre o autor e um mulher ,até tem mais ele não foca tanto nisso,é mesmo um relato pessoal com os jogos de futebol,o Arsenal é claro.
“Uma longa queda” o livro aborda sobre a questão do suicídio,mas com um humor cáustico,pois é uma “coisa” assim meio que complicado de se abordar,mas que ele tenta utilizar de uma forma leve e engraçada.O bacana que ele utilizar dos quatro personagens para elaborar o romance,cada um vai “narrando” a história,vai passando de cabeça em cabeça.Teve uma adaptação recentemente,ainda não assistir.Uma hora o personagem JJ fala de uma música do the smiths.
“Alta Fidelidade”,bem esse é já é considerado um clássico,com os seus famosos top five.A estória é entrelaçado com o personagem Rob e as suas cinco piores separações.Ah e ele fala do Smiths,duas vezes.
O fator central dos personagens do Nick Hornby,é que têm esse lado idiossincrático,uma coisa rara de se ver num livro.
Bem,é isso a minha total prolixidade e pedante do que eu sei sobre o autor e suas obras,peço desculpas pela bagunça,pois eu sei que deveria falar sobre o livro que você citou e que eu ainda não li,mas gostaria de contribuir com o que eu sei sobre os outros romances do autor.
Ps:Não tenho nenhuma fixação pelo autor e pelo the smiths.
30/06/2014 — 12:01 pm
Taize Odelli says:
Só o Hornby deve ter fixação pelo Smiths ahahha
Obrigada pelo comentário! “Juliet, nua e crua” ainda é o único livro que li do Hornby, mas pretendo ler esses (e o “Como ser legal”, que está há uns dois anos na pilha de livros a ler e sei lá por que ainda não fiz isso). “Alta fidelidade” só vi o filme mesmo (ótimo). 😀
02/07/2014 — 1:53 pm
Monet says:
De nada!Na verdade foi uma surpresa sua…eu curto “The Smiths”,e quando entro numa livraria sempre acabo lendo uma página de umas dessas biografias da banda,só que eu não fico assim tipo falando demais da banda,pra não estragar a magia ou tipo assim…O Hornby tem um amigo de tinta,Irvine Welsh(os dois escreveram um livro de contos para ajudar um escola de autismo,já que o filho do Hornby sofre de autismo),nomeou um capítulo do livro “Trainspotting” com uma música do “The Smiths”,e tem uma frase da música nesse capítulo,não vou escrever a música para não estragar a diversão…Outro livro que eu quero ler do Hornby é o “Um grande garoto”/”About a boy”(dizem ser uma referência a música “about a girl”do Nirvana),que já teve uma adaptação com Hugh Grant,Toni Collete – que também atua no filme “Uma longa queda”,e o jovem ator Nicholas Hoult -fazia Skins-atualmente tem uma série que ainda não tive tempo de assistir,estava pensando em comprar o livro na Estante Virtual,mas fiquei sabendo que Companhia das Letras comprou os direitos das obras do Nick Hornby,depois de uma longa batalha contra a fracassada Rocco(‘tá com site novo).A obra “Um grande garoto”,segundo fontes confiáveis,vai ser lançado no “glorioso” mês de setembro.Vou colocar “Como ser legar” na minha lista,acho que tô precisando.
Valeu!
09/07/2014 — 3:11 am