Mas já uma lista, Taize?
Sim, já uma lista! Se os grandes veículos fazem suas apostas de melhores do ano no meio do ano, por que eu não posso?
É doido como já ultrapassamos a metade de 2018, para mim o ano está passando rápido demais. Tive altas mudanças na vida, principalmente na parte profissional, e provavelmente é por isso que o tempo não parece estagnado como era nos anos anteriores.
E essas mudanças beneficiaram muito as minhas leituras. Estou bem mais animada para ler e mais animada para atualizar o blog também, então em parte é por isso que acho que faz sentido selecionar alguns livros que já gostei bastante e com certeza estarão numa lista definitiva de 2018.
4 3 2 1, de Paul Auster

O primeiro livro lido de 2018 já é um dos melhores livros do ano. 4 3 2 1 foi lançado no ano passado nos EUA e neste ano no Brasil (Companhia das Letras), e esteve entre os finalistas do Man Booker Prize – quem acabou levando o prêmio foi o George Saunders, como maravilhoso Lincoln no limbo. Foi uma disputa dura. Eu estava muito torcendo para o Saunders ganhar, mas não tinha lido 4 3 2 1 ainda. Saunders ainda é meu preferido, mas Auster chega bem perto, isso porque o livro vai melhorando com a memória: a cada vez que penso na leitura parece que gosto mais dele.
Lightning Rods, de Helen DeWitt

Estou militando pela publicação de Helen DeWitt no Brasil. O último samurai, único romance dela lançado aqui, está esgotadíssimo faz tempo. Lá fora fez um bom sucesso. Seu segundo romance, Lightning Rods, saiu em 2011 e nunca foi lançado aqui. E esse ano ela voltou com um livro de contos. Bem, essa lista não é de Melhores Lançamentos, mas de melhores leituras, então posso muito bem colocar Lightning Rods aqui. Nele um vendedor fracassado tem a ideia de oferecer um serviço para empresas a fim de acabar com casos de assédio sexual no trabalho. Ideia digna, mas pensada da pior forma possível. E é por isso que o livro é maravilhoso: é uma paródia absurda do mundo corporativo, mas com argumentos muito reais.
Trilha sonora para o fim dos tempos, de Anthony Marra

Todo ano tem aquele livro de contos favorito, e o desse ano foi Trilha sonora para o fim dos tempos (Intrínseca). Apesar de ser norte-americano, Anthony Marra narra histórias de pessoas que viveram as transformações do Leste Europeu, entre os anos 1930 e 2013. São pessoas a princípio diferentes, sem conexão uma com a outra, mas a grande sacada é que na verdade todas elas estão relacionadas – e no final o livro parece mais um romance fragmentado. É bom demais: você acha que tal personagem é de um jeito, e logo tem acesso a uma visão diferente do mesmo acontecimento ou da mesma pessoa, e tudo muda. Tem aquela dose de conflito e sofrimento que eu gosto demais, e no final tudo é muito bonito.
Romances de Patrick Melrose – vol. 1, de Edward St. Aubyn

Não foi lançado nesse ano, foi em 2016. Levei tempo para ler, não sei o motivo. Talvez olhasse pro livro e não desse tanta vontade. Mas aí saiu a notícia de que Benedict Cumberbatch faria a série baseada nos livros do St. Aubyn e isso me incentivou – aliás, a série foi bem elogiada. Aqui no Brasil a Companhia das Letras publicou os cinco livros em dois volumes. O primeiro, o que foi o lido até agora, reúne os três primeiros livros. No começo pensei: uma história sobre a podridão da alta sociedade britânica, yaaaay adoroooo. Depois que li eu fiquei: eita, pesado. Porque é isso. O primeiro livro já te joga uma bomba no colo que te deixa transtornado, e a forma que o protagonista, Patrick Melrose, vai seguir a vida a partir daquilo é intenso demais. Logo logo leio o segundo volume também.